Going, going, gone – The remarkable Cerrado biome in Southern Brazil

Or – Salve as sobreviventes: a notável diversidade de formigas no fragmento de Cerrado que representa a única área de proteção do bioma na Região Sul do Brasil (Veja o texto em portugues abaixo)

By Aline M. Oliveira

Based on the research article “Save the survivors: the remarkable ant diversity of the last protected fragment of savanna in Southern Brazil” by Aline Oliveira and Rodrigo Feitosa in Insectes Sociaux.

In a scientific article recently published, researchers from the Universidade Federal do Parana (UFPR), Curitiba, Brazil, highlight the importance of a small fragment of Cerrado (Brazilian Savanna formation) in the state of Parana, based on the study of the ant fauna occurring in this area. Emphasizing the need for measures to guarantee the preservation of this fragment, which is the only protected area of the Cerrado biome in the Southern Region, and criticizing the neglect of the state and federal governments on environmental preservation in Brazil.

Cerrado State Park and its surroundings.

The ant sampling was conducted in 2015, at the Cerrado State Park (CSP), located in the Northwest of Parana state. That region represents the southern limit of Cerrado in Brazil and is one of the most fragmented portions of the biome. Only one of those fragments is a conservation area, protected by law, the CSP.

Vegetation structure of Cerrado State Park. A researcher is taking notes.

Ants were sampled using pitfall traps in the soil and trees. Ground pitfalls are plastic cups buried in the ground with the opening at the same level as the soil surface so that ants fall into the container when they are walking on the ground. In this method, water is added to the container, with some detergent to break the surface tension. We also used arboreal pitfalls to collect ants in the vegetation, which are plastic cups attached with adhesive tape to tree branches, with water and human urine solution, an excellent attractive for arboreal ants. The ants were processed and identified at the Laboratório de Sistemática e Biologia de Formigas of Universidade Federal do Paraná and deposited at the Padre Jesus Santiago Moure Entomological Collection (DZUP).

The team during field work, installing the traps.

Comparing the ant fauna found in CSP with another 30 localities of Cerrado across its entire distribution in Brazil, the CSP is the third most diverse, with more than 130 species, including several savanna specialists, species rarely sampled, and species still unknown to science. These discoveries are important as the ants perform important ecological functions in almost every terrestrial ecosystem, such as predation, soil aeration, and seed dispersal. These results highlight the impressive biodiversity and potential of CSP to reveal scientific novelties.

Ground pitfall trap, with rain protection.

Still, recent studies have shown that, in the face of future climate change, the southernmost fragments of Cerrado would be a likely refuge area for many groups of animals. So, preserving the last protected fragment of Cerrado in southern Brazil is a strategic action that can aid the conservation of many species in the future.

Arboreal pitfall trap, with caught ants inside.

Despite the huge biological importance of this area, it is currently surrounded by deforested areas and by monocultures. The use of pesticides in these areas is certainly harmful to the species of animals and plants in the CSP. The plantations of Pinus, which is an exotic tree, is especially concerning because it can invade the park areas provoking losses to the natural biodiversity.

Padre Jesus Santiago Moure Entomological Collection (DZUP), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brazil

Therefore, we propose the urgent creation of new conservation units that incorporate other fragments of Cerrado in the state of Parana, including ecological corridors between these fragments, allowing the contact between populations of organisms that are currently isolated. This will be only possible with the immediate action of government agencies. However, the government of Paraná opposes these measures by approving policies allowing the exploitation of protected areas by private companies. This is especially concerning considering the politics of the Federal Brazilian government, which openly promotes deforestation and illegal exploitation of natural areas in Brazil, especially by the drastic reduction of environmental inspectors and funds for scientific research. 

The team of researchers during field work. From left to right, Heraldo Vasconcelos (UFU), Rodrigo Feitosa (UFPR), Aline Oliveira (UFPR), Jonas Maravalhas (UFU)

Em um artigo científico publicado recentemente, cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), destacam a importância de um pequeno fragmento de Cerrado no estado, através do estudo das espécies de formigas que ocorrem nessa área. Enfatizando a necessidade de medidas para garantir a preservação desse fragmento, que é a única área de preservação desse bioma na Região Sul, e ressaltando o descaso dos governos, estadual e federal, com a preservação ambiental.

A coleta das formigas para o estudo foi realizada em 2015, no Parque Estadual do Cerrado (PEC), por pesquisadores das Universidades Federais do Paraná e de Uberlândia (Minas Gerais). O PEC está localizado no noroeste do estado do Paraná, essa região é o limite sul do Cerrado no Brasil, sendo uma das regiões onde o bioma se encontra mais fragmentado. Apenas um desses fragmentos, o PEC, é uma unidade de conservação protegida por lei.

Para coletar as formigas, foram utilizadas armadilhas no solo e nas árvores, chamadas pitfall. Os pitfalls de solo consistem em um copo plástico enterrado no chão de maneira que a abertura do copo fique no mesmo plano que o solo, e assim, as formigas que estejam caminhando próximo a armadilha, caiam nela. Nessas armadilhas são utilizados água e detergente, que tem a função de quebrar a tensão superficial da água, para que a formiga que caia no copo não consiga sair. Nas armadilhas nas árvores, os copos são fixados nos galhos utilizando fita adesiva, porém o conteúdo do copo difere da armadilha do solo, sendo utilizado água com urina humana, que é um forte atrativo para essas formigas.

As formigas coletadas foram levadas para o Laboratório de Sistemática e Biologia de Formigas, sediado na UFPR, onde os exemplares foram estudados e depois depositados na coleção científica da universidade.

Os pesquisadores compararam o PEC com outras 30 localidades de Cerrado distribuídas em todo o Brasil e descobriram que essa região é a terceira área com maior diversidade de formigas, mais de 130 espécies, além de espécies raras, espécies especialistas de Cerrado, e outras espécies ainda desconhecidas pela ciência. A grande diversidade de formigas é um indício de que o parque abriga uma grande diversidade de outras espécies, uma vez que as formigas têm interações ecológicas com inúmeras espécies de plantas, de insetos, e de outros animais, como pássaros, anfíbios, repteis e mamíferos. Elas também realizam funções no meio ambiente como aeração do solo, ciclagem de nutrientes, e dispersão de sementes. Isso destaca a importância de preservar o parque, e consequentemente, toda a fauna existente nele.

Apesar da importância desse parque, ele está bastante ameaçado, basta olhar o seu entorno, que veremos uma gigantesca área desmatada, que dá lugar a plantações de monoculturas, como Pinus, soja, milho e outras. Essas plantações se utilizam de agrotóxicos que podem chegar ao parque e afetar as espécies que vivem lá. Além disso, espécies como Pinus, que é exótico, podem invadir a área do parque, podendo causar o extermínio das plantas nativas. Portanto, ações devem ser tomadas para ampliar a proteção de Cerrado no estado do Paraná, através da criação de novos parques, e a criação de corredores entre eles, incluindo áreas de vegetação nativa que estejam em propriedades privadas. Essas medidas, no entanto, exigem incentivo financeiro e legal por parte das agências governamentais. Porém, na contramão disso, o governo federal incentiva publicamente o desmatamento e exploração ilegal de áreas naturais no Brasil, especialmente pela drástica redução na fiscalização ambiental e fundos para pesquisa científica. Alinhado a isso, o governo estadual aprovou recentemente uma lei que permite o uso exploratório de unidades de conservação por empresas privadas, que se for feito sem colocar a preservação da biodiversidade em primeiro lugar, pode representar mais uma ameaça para essa área que já está em risco extremo.